Friday, July 17, 2009

Avaliacoes

Os cientistas passam uma boa fatia do seu tempo de trabalho a avaliar os seus pares e a ser avaliados pelos mesmos. E' uma ferramenta fundamental ao bom funcionamento da actividade cientifica.
Os senhores professores em Portugal parece que nao tem "tempo" (nem vontade!) para ser avaliados.

Correr com os inuteis e os incompetentes que por la' andam e recompensar os grandes professores que todos os dias educam e ensinam e' absolutamente fundamental para converter o sistema de ensino portugues num sistema de ensino a serio, competente, funcional, de onde saiam alunos preparados para o mercado de trabalho.

Claro que se dependessemos da FENPROF, estavamos todos na idade da pedra e ninguem era avaliado porque para eles a igualdade resume-se a isso.

INL: para ja', uma boa ideia

A inauguracao do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) tem estado nas bocas da imprensa portuguesa hoje.
Pelo que vem descrito, parece ser uma excelente ideia. Criado de raiz, com fundos aparentemente adequados, e com financiamento anual sustentado.
O facto de os investigadores virem a ser considerados como funcionarios internacionais e' uma ideia muito positiva.
Espero que a dotacao orcamental nao resulte do que ja' estava atribuido 'a ciencia, mas que seja uma adicao.

Lamentavel e' ter la' na inauguracao um tipo que foi primeiro-ministro durante 10 anos e conseguiu queimar a educacao de uma geracao inteira, contribuiu decisivamente para a destruicao do sistema universitario, e nao deu um unico passo no sentido de estimular a criatividade, a inovacao e a investigacao. Por isso, espero que corte a fita, e desapareca.

Tuesday, July 14, 2009

Politica cientifica a serio versus brincadeirinhas para a malta bater palminhas

O primeiro-ministro vem hoje ufanar-se do investimento feito em ciencia nos ultimos anos. Nas contas do PM, temos agora cinco cientistas por cada 1000 elementos de populacao activa. Ele acha que isto e' bom. Nao e' que seja mau, se considerarmos onde estava a casa da partida. Mas e' bom nao esquecer que ainda falta muito caminho para estarmos a falar de uma politica cientifica a serio.

Claro que a pergunta agora e': mas o que e' uma politica cientifica a serio? E' dizermos que temos muitos "cientistas"? E' dizermos que investimos 1% da "riqueza" nacional na investigacao (a proposito, a meta definida pela Uniao Europeia e pelos paises que de facto e' o triplo...)? E como e' que se distribui o dinheiro da investigacao: tudo ao molho, 2/3 para o campo de onde o ministro vem e o resto para protocolos de objectivos ligeiramente obscuros com Harvard? E' dizermos que se patrocinou nao sei quantos mil estudantes de doutoramento?

O PM pode nao saber, o ministro da ciencia pode ignorar, e as associacoes de bolseiros que sao clonadas pela Juventude Comunista podem preferir nao falar do assunto, mas nao e' pelo numero de estudantes de doutoramento que se discute politica cientifica. Por varias ordens de razao: termos muitos nao significa que tenhamos muitos bons; serem muitos nao quer dizer que sejam inovadores; formar doutores so' por formar, para a estatistica, e' estar a atirar dinheiro pela borda fora. O que interessa e' o que e' que esses cientistas fazem depois de concluirem o doutoramento. O que interessa e' perguntar: por cada 100 doutores patrocinados pelo Estado Portugues, quantos se tornam investigadores principais de sucesso em Portugal? E' que aqueles que se vao embora e NAO VOLTAM, tornando-se investigadores de sucesso no estrangeiro, nao vao contribuir para o PIB portugues, nem para a elusiva "economia do conhecimento" que agora parece ser a solucao estalar-dos-dedos para todos os problemas, como se bastasse dar uns diplomas de doutor-por-extenso para Portugal ficar um pais a serio.

O que eu gostava que o PM dissesse, ou o ministro da Ciencia, era: "ja' mostramos que temos capacidade de formar muitos; agora o importante e' seguir as carreiras deles, e garantir que os que nos proximos tres-quatro anos demonstrarem potencial para ser investigadores inovadores e de sucesso vao desenvolver a sua actividade cientifica em Portugal. E para isso, vamos dar-lhes TODAS as condicoes para que sejam competitivos a nivel internacional - e ao darmos-lhes essas condicoes, vamos exigir que o sejam de facto.". Isto era politica cientifica a serio, e nao lancamento de numeros para o ar na tentativa de viver 'a sombra da estatistica.

E depois, se queremos de facto uma economia baseada no conhecimento, entao nao se pode esquecer que a capacidade de inovar e' fundamental. Por isso, qualquer mencao 'a economia do conhecimento sem mencionar o despedimento/remocao/afastamento/chamam-lhe-o-que-quiserem imediato de TODOS os dinossauros/dinossauras que vegetam nos corpos docentes das faculdades portuguesas sem terem produzido uma unica publicacao durante as suas carreiras, nao pode ser levada a serio. Na mesma linha, falar de investigacao e de inovacao sem recordar que o sistema de ensino portugues, da escola primaria 'a universidade, estimula a vadiagem e a cabulagem e o marranco e reprime violentamente a criatividade, e sem se demonstrar uma vontade inabalavel de lutar contra tudo e contra todos para acabar com esse regabofe nao e' serio.

E' muito bonito ter o ministro da ciencia a dizer que os investigadores devem criar as suas proprias oportunidades para regressar a Portugal. (E nao estou a ignorar o muito trabalho produzido por este ministro!). Mas dizer "ah e tal, nao vem para ca' porque nao querem" quando nao se mexeu uma palha para criar infraestruturas que permitam que as pessoas voltem, se instalem e sejam competitivas, e' uma piada de muito mau gosto, demasiado infeliz para sair de uma pessoa com o nivel intelectual de Mariano Gago.
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